quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Assalto.

Hoje, voltando da faculdade, fui assaltada. O desconhecido levou minha carteira com meus documentos, cartões e dinheiro; e eu, sem saber o que fazer comecei a chorar e fui procurar alguém do metrô que pudesse me ajudar. Passei mais de uma hora na delegacia fazendo um boletim de ocorrência. Policia civil em greve. Lágrimas. Essa sensação de ser invadida... Lembro-se do caçador de pipas, quando o pai diz ao filho que o maior pecado é roubar, pois sempre que fazemos mal à alguém estamos lhe roubando algo: se matamos, roubamos a vida, se mentimos, roubamos o direito à verdade. Não é tanto pelos bens materiais em si - não que não importem - mas por essa maldita sensação de estar sozinha - já que as pessoas assistem sem fazer nada - de ser invadida, desrespeitada. Essa semana uma avalanche de coisas me atingiram de uma forma muito forte. Primeiro algo que aconteceu com um amigo da faculdade e que o deixou péssimo. Ele estava andando na rua e, sem querer, pisou na cabeça de um mendigo que estava no chão; ficou muito mal e voltou para pedir desculpas. O mendigo lhe pediu um cigarro, ele deu e o mendigo agradeceu. Sim, ele pisou em sua cabeça e o mendigo agradeceu. Isso me deixou chocada, triste. Em que condições de absurdo vivem essas pessoas...
Depois, ontem, estava atravessando a rua na faixa e o farol abriu e eu pensei: "não vou correr!" - pois sempre que isso acontece corro como uma louca. É incrível como os carros passam por cima de você. Além de ser lei, o bom senso deixa claro que se o farol abre e alguém ainda atravessa, você deve esperar; mas é bizarro como ninguém se importa. Me senti um pedaço de plástico que estava no chão e qualquer carro poderia atropelar sem medo.
E, hoje, me acontece isso. E quando estava esperando o trem pra voltar pra casa, eis que surge a torcida organizada do Corinthians. Um menino que estava do meu lado vestia um blusão com a bandeira da cidade de São Paulo e esses torcedores começaram a ofendê-lo por acharem que se tratava de um são paulino. Meu deus... como tudo isso revira meu estômago... O que está acontecendo com as pessoas? Adorno, muito tempo antes, identificava a alienação na qual as pessoas afundavam-se, mas será que imaginava que se tornaria tão grave? Eu sufoco com esse sentimento de absurdo. Sorrio pra todos os cachorros que vejo na rua. Todos. E - algo que nunca disse a ninguém - sempre que vejo um animal, digo em meus pensamentos: "Que Turrean o proteja". Pode parecer bobo, mas Turrean é a deusa celta dos animais. Não que eu acredite muito em deuses ou tenha alguma religião, mas gosto de dizer isso. Mas quando vejo pessoas, não consigo pensar nada de bom. Não me orgulho disso, mas assim é, e me entristece muito. Não sou fã de Marcelo D2, mas hoje ouvi uma música dele que dizia: "Você quer fugir do gueto, mas o mundo inteiro é o gueto". É bem isso mesmo. Eu quero fugir de muitas coisas, mas essas coisas estão em todo lugar. O mal está onde nós estamos... Gosto odioso de mundo na boca...

2 comentários:

Unknown disse...

E só conseguia dizer depois de tudo isso "que merda de mundo é esse em que vivemos?".

Droeee disse...

Ótimo texto.