O coração está úmido ainda, mas leve, absurdamente leve. Os pensamentos têm um "quê" de tristeza, mas são bons. O "e se " já não existe mais. Não posso pensar que poderia ter seguido o caminho que não segui, pois se eu tivesse escolhido outro que não esse, não seria eu, mas outra pessoa. Não há como ser outra coisa senão o que se é, não há nem como tentar. Sempre somos nós mesmos. O tempo todo. Claro que bodes expiatórios são bem vindos quando não gostamos do que somos... mais fácil dizer que o reflexo no espelho não é seu, ou então que foi produzido por coisas (ou pessoas) exteriores. Metamorfose é pra Kafka. Ou pra borboletas.
Sem saudade do futuro também. Eu escolhi tudo o que poderia ter escolhido, até o limite que me delineia fazendo ser quem sou.
Quando a raposa não quis brincar com o princípe, explicou-lhe porque. Ele não a cativara ainda, era preciso que isso acontecesse, pois assim a raposa e o menino que eram apenas um entre milhares de outras raposas e meninos, se tornariam únicos um para o outro. É preciso que alguém nos torne únicos, nos faça ter mais cores, brilhar mais. E essa é a verdadeira imortalidade: quando conseguimos ser "A raposa" ou o "O menino" na vida de alguém. O amor nos empresta essa alegria. Às vezes toma de volta, às vezes não. Às vezes nos é oferecida por uma mentira.
De fato, um homem que vive entre as pedras, acaba por tornar-se pedra ele também. Ou plástico. Tanto faz. Não há nada mais frustrante do que desejar tempos que já passaram. É admitir que hoje se é menos, bem menos, do que já se foi um dia. Anos não retrocedem, pessoas sim. Que grande merda passar a vida culpando alguém. Merda da qual, hoje, posso dizer que estou livre. Encontrar luz? Preciso dizer que todas as lâmpadas estão acesas agora, como um grande fogo. Leve. Muito leve... Como aquele doido disse: já bebi daquela água, agora quero vomitar.
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