Não é a toa que tenho pensado tanto nele nesses dias em que o sol tem se recusado a brilhar. As palavras podem não ser nada, mas quando sinto tontura pensando nessas palavras que não são nada, mas que me mutilaram tantas vezes, que me fizeram gritar, chorar, passar mal, perder o sono e ter pesadelos surgem palavras antigas, cravadas numa folha de papel velha, com um carimbo negro no meio, indicando um lugar igualmente negro, um cemitério de gente viva, de palavras que não valiam nada, mas que transformaram-se em ações, ações dolorosas, ações purulentas. E então a cozinha começa a girar e a cadeira parece o melhor lugar pra me encostar, pra encostar o peso enorme dessas palavras com cheiro de mofo, mas que limpam o mofo do espírito. E depois vem a saudade, uma saudade com "S" grande, que faz riscos bem fininhos no coração, desenhando ausência e mais ausência, desenhando aquele fantasma sentado no sofá. E é como os olhos daquela bruxa quando queimava, os olhos que vislumbravam o céu com assombro, pois, enfim, compreendiam tudo. E de repente não sobra espaço pra mais nada a não ser compaixão daqueles que sequer conseguem andar pra frente, mas buscam a cura de todos os males e frustrações no passado. O veneno... Ah... o veneno que nublou a mente e fez com que se escolhesse mal, se escolhesse errado. "E se? E se?". Como não sentir piedade de uma alma que grita apenas isso? As respostas estão no passado porque toda essa pequenez não combina com nenhum tipo de futuro. Claro que não.
Mas as palavras... todo aquele mofo logo ganhou vida, molhando o rosto, o pescoço, os seios. Paradoxos. A cegueira de seus últimos dias anunciava o mesmo entendimento, os mesmos olhos da bruxa que queimava...
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Um comentário:
Dependendo,causa um impacto,que faz pensar no que somos...
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