domingo, 29 de março de 2009

Quisera eu ter tirado o biquini e ter rido bêbada como todos eles. Biquini que não arranquei em respeito à uma pessoa que sequer merece ser chamada de pessoa. Quisera eu.
E agora eu me proíbo de chorar ou de me sentir mal por qualquer coisa que diga respeito à ele ou à essa piada que vivi durante mais de um ano. Porque eu sei que o que me deixa pior é o fato de ter acreditado que isso tudo era especial, único, mesmo quando não passava de só mais uma página. E pensar que eu quis, que desejei, que acreditei e lutei mesmo quando tudo era apenas sal. E pensar que eu sorri sozinha imaginando coisas que estão no túmulo agora.
E como alguém pode ser tão baixo, tão sem escrípulos nenhum a ponto de me chamar de mentirosa e questinonar o biquíni mesmo depois de ter tirado a máscara e ter colocado à mostra toda a sua mentira, toda a sua sujeira, todo o seu fingimento, toda a sua cretinice? Pode por que não é "alguém" mas "qualquer um", "qualquer nada".
E eu me deixei enganar, enxerguei flores onde só havia podridão. Abri minha vida, dei meu braço pra alguém falso e empolgado como um adolescente fazendo novamente uma "homenagem" mentirosa e suja, uma marca em cada braço. Que bosta, meu deus! Que bosta! E diz que foi por inconsequência. E dirá o mesmo daqui um tempo quando for passar um pouco de tinta em cima.
E não, eu não estava errada quando disse "me sangra e me faz cócegas numa histeria doce, tudo ao mesmo tempo. morro e me refaço em você". Mas com o tempo, já não existiam mais cócegas, só sangue, do corpo todo. A histeria deixou de ser doce. Eu morri e não me refiz mais. E morta me deixei usar numa cama morna, numa vida morna, por uma pessoa morna. Sim. Eu me deixei usar, e a maior culpada disso sou eu mesma. A única culpada. E como alguém pode falar tanto das coisas líquidas da pós-modernidade e ser ele mesmo tão fluido quanto a água? Um "amor" líquido me foi oferecido e eu, cega e muito idiota, bebi a goles grandes. E os grifos são tão hipócritas quanto tudo isso. Talvez o grifo tenha acontecido em função de identificação, e não de repulsa: "Uma "relação pura" centralizada na utilidade e na satisfação é, evidentemente, o exato oposto de amizade, devoção, solidariedade e amor...".
E tudo isso não passa, nem de longe, aos pés de um grito agudo vindo do mais fundo da minha alma, pois, no momento, eu sequer tenho forças pra gritar. E eu posso dizer que não me arrependo de nada, e não culpo ninguém pelas minhas escolhas. Faria tudo de novo, com toda a certeza. Sonharia com meus filhos com ele, com nossa casa, nossos livros, nossos cães, sonharia com tudo isso outra vez. E sim, eu também gritaria irracionalmente quando ele dissesse "eu deixei de te amar faz um tempo, dormi com você porque estava tentando". Eu gritaria de novo e de novo, e de novo. E meu nariz arde quando me lembro disso, quando me lembro da saudade dele pelo que - aparentemente - deixou.
E eu não me importo que continue sendo assim na minha vida: alegrias lancinantes e dores insuportáveis, umas atrás das outras. Eu realmente não me importo e quero que continue assim. Quero sangrar e me afundar em cócegas enquanto eu viver. Abraçar o meu passado com orgulho e jamais ser escrota - essa é a melhor palavra - a ponto de culpar alguém por ter abandonado uma pessoa para ficar com outra.
Me orgulho de ter a certeza de que jamais conseguirei beijar alguém que eu não ame, de que jamais farei planos falsos com alguém e de que não usarei ninguém para esquecer outra pessoa. Jamais. E isso não faz de mim melhor ou pior do que ninguém. Mas é assim que vivo, quero e vou continuar vivendo a minha vida.
E eu sei que vai ser difícil arrancar isso do coração da noite pro dia, mas hora ou outra terá de sair e o que sobrará são lembranças, e não lembranças de algo que nunca existiu, pois tudo isso, todo esse amor, existiu pra mim, aqui dentro. E não importa mais que ele nunca tenha sido sentido do outro lado, não importa...

"Mentir não é só dizer aquilo que não é. É também, e sobretudo, dizer mais do que aquilo que é e, no que diz respeito ao coração humano, dizer mais do que se sente".

Nenhum comentário: