segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Nomes
Eu acertei quando disse que não sei o que quero. Tenho certeza de que quero algo que ainda não existe. Me lembro da discussão nominalista de Hume que tanto me fascinou. Ele diz que as coisas só existem porque nós as nomeamos. Alguns povos africanos só enxergam cinza, preto e branco, mas não por algum defeito em seus olhos, mas pelo fato de não terem nomes para outras cores. Simples assim. Absurdo assim. Vou ter que inventar o que eu quero? Que tédio e que preguiça. Que falta de coragem pra pensar em tudo isso! Foi preciso até mesmo nomear o amor para que ele existisse. Foi preciso que eu nomeasse alguns desses meus estados de espírito para que eu não enlouquecesse. Não deu certo. Eu ainda não encontrei nome para 99% das coisas que sinto, mas nem por isso elas deixaram de existir. Estão aqui apertadas, às vezes vazando pelos olhos, pelo nariz. Não sei até que ponto o nominalismo pode dar conta desse turbilhão, porque é lamentável que sejamos escravos das palavras, escravos de algo que diz tão pouco, tão raso, tão frágil. Eu fico também com as glossolalias. Aquelas dos loucos. Por, às vezes, não sentir nada é que digo em voz alta. Mas quem vai entender? Que bela canalha eu sou!
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Um comentário:
não tenho o que comentar... mas gostei! :)
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