quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Não existe erro na vida. Impossível seria já que nunca poderíamos escolher nada além do que escolhemos.
No sofá, dividindo um pouco de toda aquela loucura com um desconhecido bêbado, meus olhos brilharam como os daquela bruxa que queimava.
Compreendo ainda melhor o que Benjamin quer dizer. Compreendo o signo submerso nas flores amarelas.
Era mesmo para ser desse jeito, pois esse livro talvez tenha sido escrito antes de nós. Ou foi no momento em que eu vi seus olhos pelo espelho, apontados para mim?
E no fundo eu sempre soube como acabaria, como seria triste, violento, amargo. Não poderia ter sido diferente. Eu preferi sangrar e morrer, preferi machucados por toda a alma, pois foi o infinito de fora que eu escolhi. O ínfimo de dentro me faria ser e ter o que você é e tem agora.
O morno realmente nunca me atraiu. Gosto de queimaduras e hipotermia. Eu jamais seria a eleita para viver aquele romance de revolutionary road, pois eu teria o mesmo fim que aquela mulher se enchendo de água quente no banheiro, quando já estava morta há algum tempo, talvez desde que deitara naquele banco de carro. Ou fora desde que botara os olhos nele?
Ele também jamais teria conseguido acompanhar-me. Jamais. Sua pele era sensível demais ao calor e ao frio.

Nenhum comentário: