segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Colombina, Arlequim e Pierrot

Eu não poderia deixar de escrever algo aqui a respeito de uma conversa que tive com o Cacá ontem de noite.
Falávamos de relacionamentos - dos nossos, que são bem conturbados - e do que algumas pessoas buscam. Acabei me lembrando de um texto que li certa vez, sobre uma colombina, um arlequim e um pierrot.
Arlequim: Um desejo
Pierrot: Um Sonho
Colombina: A Mulher
O pierrot e o arlequim se apaixonam pela colombina sem saberem que estavam interessados pela mesma mulher. A colombina, no entanto, está também apaixonada, mas pelos dois. Quando o pierrot e o arlequim descobrem tudo, exigem que a colombina escolha um dos dois somente. Mas ela, dividida, diz que não pode fazer tal escolha, pois não quer ficar sem nenhum deles, já que o pierrot lhe dá o sonho e o arlequim, o desejo. Ela diz ao Pierrot: "O teu sonho é tão manso". E ao Arlequim: "O teu beijo é tão quente".
E por fim:
"Pudesse eu repartir-me e encontrar minha calma dando a Arlequim meu corpo e a Pierrot a minh’alma! Quando tenho Arlequim, quero Pierrot tristonho, pois um dá-me o prazer, o outro dá-me o sonho!
Nessa duplicidade o amor todo se encerra: um me fala do céu... outro fala da terra!
Eu amo, porque amar é variar, e em verdade toda a razão do amor está na variedade...
Penso que morreria o desejo da gente, se Arlequim e Pierrot fossem um ser somente, porque a história do amor pode escrever-se assim:

Um sonho de Pierrot...

E um beijo de Arlequim!"

Eu acho que isso ilustra bem essa confusão que vivemos. Bem até demais... Mas eu ainda acredito que talvez o amor aconteça quando conseguimos ser, ao mesmo tempo, o sonho e o desejo de alguém, e que esse alguém também seja para nós tudo isso, para que não vivamos nesse baile de máscaras em que podemos usar uma só fantasia...

2 comentários:

Anônimo disse...

Chora no salão mascarado:
_ Quem viu Colombina?
Colombina quem viu?
Deixei com ela meu espírito,
e o beijo não dado à espera aqui

E chora tão triste
Doce Pierrot

Anônimo disse...

e essa eterna busca do perfeito ou do melhor é que acabom por escolher caminhos errados. a necessidade intensa de fazer unir qualidades e fazer feliz a quem se ama. e assim acaba a colombina nao entendendo o porque dos caminhos errados de seu pierrot.