segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Minha dita "caretice" é o reflexo de algo que nunca consegui: me satisfazer no raso. Eu sequer tentei muito fazer com que isso acontecesse; era como se, desde sempre, estivesse impressa em mim uma marca, uma ânsia de violência, de verdadeira violência que sempre me mostrou que jamais seria satisfeita com tão previsíveis e entediantes artificíos. Minha alma não se contentou com esses paraísos artificiais dos quais falava Baudelaire. Foram inúmeros os picos que tomei na veia, nas artérias do coração. Não me arrependo de nenhum deles. Mas foram picos de verdade, venenos reais, não secretados, balas de cobre e não de festim. Nunca vou me esquecer da dor ardida que eu sentia quando ele sugava meu sangue no meu peito aberto por um estilete enferrujado. Nunca. Restaram-me duas marcas verticais que jamais sumirão. Mais isso já não reverbera como antes, pois se há algo que eu aprendi, é que é preciso envenenar-se sempre e para sempre. Mas jamais ignorarei o que me fez sangrar, pois então eu me perderia no esquecimento muito mais tragicamente do que me perco na memória...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário